Linha de Pesquisa 1: Sociedade e Práticas Narrativas

Descrição:

Esta linha de pesquisa ocupa-se dos diferentes registros das experiências sociais e das práticas de desarquivamento com vistas à elaboração de narrativas acerca do vivido em âmbito público e privado. Acolhe propostas de investigação que reflitam sobre questões relacionadas às narrativas de natureza memorialística, biográfica, literária e historiográfica. No escopo desta temática, discutem-se os diferentes aspectos das noções e das práticas da memória em perspectiva individual e coletiva. Sob o ângulo individual, aborda as experiências de pessoas comuns e lideranças que atuaram em diversos âmbitos da vida social, incluindo partidos, instituições e entidades da sociedade civil. No que tange à dimensão coletiva, busca-se abrigar os relatos derivados de vivências grupais que dão conta de segmentos que vivenciaram experiências comuns e partilharam práticas em grupo sob perspectivas étnicas, raciais, de gênero e de classe. Reconhece a multiplicidade dos discursos que contribuem para a escrita da História e a importância dos memorialistas, arquivistas e escritores, visando explorar o sentido dessas práticas e suas contribuições para a historiografia, em diferentes tempos e lugares, sobretudo no século XX. Busca ampliar a noção de fonte histórica e objetivá-la na orientação de pesquisas que relacionem sociedade, cultura, poder e suas modalidades de representação discursivas. A preocupação desta linha com as temporalidades remete ao exercício de pensar o ritmo do vivido e o contexto de escrita, envolvendo objetos e interpretações nos horizontes de uma abordagem que articula diacronia e sincronia, passado e presente. Por se tratar de uma linha de pesquisa construída no interior de um Programa que atende a demandas de estudantes de diferentes cidades da Bahia e do Brasil, acata projetos matizados conforme os lugares de origem de seus proponentes. Esta proposição considera os marcos teóricos e metodológicos das investigações desenvolvidas na linha como um dispositivo atento à necessidade de tratar os temas de forma a adequar os objetos de investigação à dinâmica do debate teórico no terreno da historiografia e suas inflexões críticas.

Docentes:

Celeste Maria Pacheco de Andrade
Leonice de Lima Mançur Lins
Maria Elisa Lemos Nunes da Silva
Marilécia Oliveira Santos
Paulo Santos Silva
Raimundo Nonato Pereira Moreira
Ricardo dos Santos Batista

Bibliografia:
DARNTON, Robert. Boemia literária e revolução. O submundo das letras no Antigo Regime. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
LORIGA, Sabina. O pequeno X: da biografia à história. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
MENDONÇA, Joseli Maria Nunes. Evaristo de Moraes, Tribuno da República. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.
SCHMIDT, Benito Bisso. Em busca da terra da promissão: a história de dois líderes socialistas. Porto Alegre: Palmarinca, 2004.
SEVCENCKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 2ª edição revista e ampliada. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
SOUZA, Christiane Maria Cruz de. A gripe espanhola na Bahia: saúde, política e medicina em tempos de epidemia. Salvador: EDUFBA; Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2009.
VAINFAS, Ronaldo. Traição: um jesuíta a serviço do Brasil holandês processado pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. Tradução Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Linha de Pesquisa 2: Mundos do Trabalho, Práticas Sociais e Trajetórias

Descrição:

Os temas a que esta linha de pesquisa se dedica vinculam-se à temática do trabalho em suas múltiplas dimensões, articulando os mundos do trabalho com a diversidade de práticas sociais dos sujeitos. Preocupa-se com a intersecção entre escravidão e liberdade, buscando alinhavar a integração dos estudos sobre trabalhadores escravizados, libertos e livres, e o estabelecimento de conexões entre a escravidão e o pós-abolição. Incentiva a análise de trajetórias individuais e/ou coletivas que revelem experiências de vida construídas não apenas nos espaços de produção da riqueza material, da política e do poder, mas também nos mais variados ambientes de convívio, lazer e sociabilidade. Essa linha está conectada às reflexões teórico-metodológicas da História Social, destacando-se a influência de autores como Eric J. Hobsbawm e E. P. Thompson. Nesse caso, são de particular interesse os conceitos de experiência, formação e identidade de classe. A linha também é tributária de Carlo Ginzburg e suas reflexões sobre a micro-história e o método indiciário. Em uma perspectiva orientada pelo campo da cultura, busca compreender estratégias de classe, percepções de mundo, memórias, identidades, valores e crenças, acolhendo, portanto, pesquisas que abranjam aspectos diversos da vida em sociedade no Brasil desde o período colonial até o século XX.

Docentes: Aldrin Armstrong Silva Castellucci
Elisangela Oliveira Ferreira
José Milton Pinheiro de Souza
Kátia Lorena Novais Almeida
Márcia Carolina de Oliveira Cury
Robério Santos Souza
Wellington Castellucci Junior

Bibliografia:
CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o contratador dos diamantes – o outro lado do mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
HOBSBAWM, Eric J. Mundos do trabalho: novos estudos sobre história operária. Tradução de Waldea Barcellos & Sandra Bedran. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.
HOBSBAWM, Eric J. Os trabalhadores: estudos sobre a história do operariado. Tradução de Marina Leão Teixeira Viriato de Medeiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
LARA, Silvia H. Fragmentos Setecentistas: escravidão, cultura e poder na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
LORIGA, Sabina. O pequeno X: da biografia à história. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.
MAMIGONIAN, Beatriz G. Africanos livres: a abolição do tráfico de escravos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
MENDONÇA, Joseli Maria Nunes. Evaristo de Moraes, Tribuno da República. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.
NEGRO, Antonio Luigi. Linhas de montagem: o industrialismo nacional- desenvolvimentista e a sindicalização dos trabalhadores, 1945-1978. São Paulo: Boitempo, 2004.
REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
SCHMIDT, Benito Bisso. Em busca da terra da promissão: a história de dois líderes socialistas. Porto Alegre: Palmarinca, 2004.
SILVA, Fernando Teixeira da. Trabalhadores no Tribunal: conflitos e Justiça do Trabalho em São Paulo no contexto do Golpe de 1964. São Paulo: Alameda, 2016.
SLENES, Robert. Na senzala, uma flor. Esperanças e recordações na formação da família escrava: Brasil sudeste, século XIX. 2ª edição, Campinas: Editora da Unicamp, 2011.
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. 3ª edição. Tradução Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
THOMPSON, E. P. Senhores e Caçadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. Tradução Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
THOMPSON, E. P. As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Organizadores: Antonio Luigi Negro e Sergio Silva. Campinas: Editora da Unicamp, 2001.
TOLEDO, Edilene Teresinha. Travessias revolucionárias: idéias e militantes sindicalistas em São Paulo e na Itália (1890-1945). Campinas: Editora da Unicamp, 2004.
VAINFAS, Ronaldo. Traição: um jesuíta a serviço do Brasil holandês processado pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2008

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